terça-feira, 22 de novembro de 2011

Macabéa Não Tava de Capacete!


Ah.. estudar, que saudade...! não que eu não estudo nada hoje em dia, mas eu sinto falta mermo é da sala, da bagunça, das garotas cheirosas e dos amigos fedorentos...


Nunca fui muito fã de exatas, preferia sempre a gramática, a literatura, as poesias... O mundo das palavras sempre me foi mais atraente que o dos números.

Passei a minha vida toda estudando em escolas públicas e digamos que a competitividade entre os alunos não era uma característica frequente, muito menos entre professores. Pelo menos nas escolas que passei, acho que de 50 professores que eu tive 2 saiam da trilha metódica do livro guia. Todo mundo seguia fingindo até metade do ano, - os alunos fingiam que iam pra aula  pra estudar e os professores fingiam ensinar algo a alguém,- da metade do ano pro final geralmente aconteciam as greves, as paralisações entre os professores, que não gostavam muito quando o governo fingia pagar seus salários. Não era um tarefa fácil se tornar inteligente em meio a esse "Circo do Palhaço Puta Que Pariu".

Voltando pra nostalgia dos momentos em sala, lembro-me bem de um tipo de exercício que tinha muito nos "livros guias" e com certeza tem até hoje, nas edições atuais, e que ganhou seu lugar em provas de concursos públicos e vestibulares. Trata-se da questão de associação. Vou dar um exemplo e você vai saber exatamente do que tô falando.





Abaixo temos a letra da música Nêga Jurema da Banda Raimundos:


Nêga Jurema veio descendo a ladeira
Trazendo na sua sacola um saco de Maria Tonteira
E a mulecada avisou a rua inteira:
"Vem correndo que a feira já está pra começar"
"Mas olha as nuvens esse tempo não ajuda
Pelo menos as minhas mudas eu já sei que vão brotar",
Dizia a Nêga quando vieram os soldados
Se dizendo avisados e começaram a atirar
Pois foi Antônio, filho de José Pereira,
Que no meio da bagaceira olhou pro céu e a rezar
Pediu pra Santo Antônio, São Pedro ou Padim Cícero
Ou pros filhos do Caniço que viessem ajudar
Foi no pipoco do trovão
Que se armou a confusão e ninguém pôde acreditar
Que aquilo fosse verdade, foi por toda a cidade,
Cresceu em todo lugar
Na igreja das alturas, barzinho, prefeitura,
No engenho de rapadura nasceu mato de fumá
E foi com a santa Malícia
que driblou-se a polícia
e fez a guerra acabar
Fumê Fumá
Não é flor de intestino é um matinho nordestino
que a senhora vai queimar
Faz um bem pra diarréia para o véio e para a véia,
faz o morto suspirar
Faz um bem para as artrites, febre ou conjutivite
Faz qualquer mal se curar
Cumê Cagá
Vivê Fumá
São as leis da natureza e ninguém vai poder mudar.



A seguir temos uma tirinha do Calvin:


Agora comente a relação entre os dois:

Lembrou? Claro, o exemplo que dei foi escroto, mas esse é o exercício que eu mais curtia, e um dos poucos do "Livro Guia" dos professores sem criatividade, que realmente colocavam alguém pra pensar, ao invés de apenas decorar.

Esse lance de enxergar nas entrelinhas de obras de mesmo gênero de produção, ou de gêneros diferentes, é bom e ao mesmo tempo ruim: Bom, pois te ensina a enxergar o padrão, ou mesmo as tendências, que as coisas geralmente têm; e ruim, pois depois que você aprende a enxergar esses padrões a vida ganha uma redução nas cores, tendendo ao sépia. Você se torna chato e insuportável, pois pra você o filme, a série, a peça, o livro... estão chatos, previsíveis e, logo, insuportáveis.

Vamos pegar um exemplo bem clichê, não, isso supera o clichê de tão clichê que é:

Imagine que você tá lá, com uma galera, vendo um filme de comédia, de repente um casal resolve fazer sexo, mas de uma forma diferente do convencional, e a mulher (por que sempre é a mulher) aparece com um par de algemas, com aquele sorriso de “safadenha”... A menos que você tenha 10 anos, ou menos, (será que eu estou sendo generoso com essa afirmação?) você sabe bem o que irá acontecer, um dos dois vai ficar preso e gritando, ou algo relacionado. E... bingo! O cara fica preso e gritando pela chave das algemas.
A cena pode parecer muito engraçada pra muita gente ali, mas pra você ela não é. Trata-se de um clichê batido e extremamente previsível. Mas olhe pro gordinho ao seu lado. Cara ele ta rindo como se além de nunca ter visto isso na vida, fosse uma piada pra lá de engraçada, o extremo da comédia, o supra-sumo do absurdo cômico humano! E você está lá, marcado por sua miserável apatia, tentando compreender o estado de graça do gordinho. Todo mundo já parou de rir, mas esse gordinho não, e segue se retorcendo e vermelhasso...! Muita gente nessa hora pode chamar o gordinho de tosco, idiota, exibido! Mas na real ele é o cara que mais ta se divertindo ali, ele está muito bem com seu sensível senso de humor, enquanto você não sente nada a não ser tédio. Você olha as incessantes gargalhadas e sente uma coisa que não consegue descrever, parece raiva, mas não é cara, esse sentimento pode muito bem ser a mais pura e sincera manifestação de inveja.

Quanto mais inteligente você fica, mais exigente você se torna, logo mais chato, mais insuportável também. É como se houvesse uma casca envolvendo suas emoções, que vai ficando mais grossa à medida que você amadurece intelectualmente. O que te fazia rachar de rir, há 15 anos atrás, te causa estranheza  e até vergonha hoje. Será que vale mesmo a pena isso?


Lógico que estou atropelando diversas vantagens no amadurecimento intelectual, que com certeza não é medido nem propositado para se identificar clichês em filmes ou séries. Mas é justamente na interação social, algo de extrema importância na vida de qualquer pessoa, que o peso desse amadurecimento se faz perceber.

Esse exemplo da “cena das algemas” pode ser encarado de forma recorrente em sua vida de espectador. Pois para quem já está “feio de ver” cenas iguais a essa, e se incomoda com esse tipo de obra, possivelmente vai buscar obras mais carregada de dramaturgia subjetiva e rebuscada, porém, como uma droga no organismo, logo o novo universo de entretenimento começa a parar de fazer aquele efeito inicial. Os clichês começam a emergir e o que você sentiu (ou deixou de sentir) na cena das algemas, há um tempo atrás, está sentindo agora ao ver o 20º monologo existencialista neo shakesperiano.

Mas o amadurecimento intelectual é algo inevitável, então a tendência de todos é se tornarem chatos ou mesmo insuportáveis?

Sim! Mas há como amenizar os efeitos disso, de uma forma simples e natural. Empatia.

A empatia vai fazer você sentir a experiência de forma mais próxima possível de como a sentiria na primeira vez. Mas você deve saber direcionar essa empatia. Retornemos ao evento das algemas, você não achou a menor graça da cena do filme, porém ao aceitar o que o gordinho ao lado está sentindo, você vai pegar um pouco desse sentimento pra si. “Poxa se eu visse isso pela 1ª vez, eu riria tão quanto ou mais!”. Isso basta pra você rir junto e sair do estado de tédio constante e cara de bunda.

Que a empatia ajuda a tornar a vida mais suportável isso não é nenhuma novidade. Você mesmo já deve ter dito (ou mesmo feito): “Quando eu tiver meus filhos, vou ver ‘tal programa’ que eu assistia quando criança.” Você pode até assistir o “tal programa” hoje, sozinho, e possivelmente sentirá uma alegre nostalgia, mas isso nem chegaria perto do que você sentiria ao ver seu filho gargalhando no momento exato do “tal programa” em que você também gargalhou, ou ao vê-os imitando os heróis do “tal programa”.

Um exercício pra finalizar. Abaixo temos a letra da música Jumento Celestino do Grupo Mamonas Assassinas:


(De quem é esse jegue?
De quem é esse jegue?
De quem é esse jegueee... Ô rapaz!
Não é jegue não, é jumentio!)
Tava ruim lá na Bahia, profissão de bóia-fria
Trabalhando noite e dia, num era isso que eu queria
Eu vim-me embora pra "Sum Paulo",
Eu vim no lombo dum jumento com pouco conhecimento
Enfrentando chuva e vento e dando uns peido fedorento (vish burro)
Até minha bunda fez um calo
Chegando na capital, uns puta predião legal
As mina pagando um pau, mas meu jumento tava mal
Precisando reformar
Fiz a pintura, importei quatro ferradura
Troquei até dentadura e pra completar a belezura
Eu instalei um Road-Star!
Descendo com o jumento na mó vula
Ultrapassei farol vermelho e dei de frente com uma mula
Saí avuando, parecia um foguete
Só não estourei meu côco pois tava de capacete
Me alevantei, o dono da mula gritando
O povo em volta tudo olhando e ninguém pra me socorrer
Fugi mancando e a multidão se amontoando
Em coro tudo gritando: "Baiano, cê vai morreêeê !"
Depois desse sofrimento, a maior desilusão
Pra aumentar o meu lamento, foi-se embora meu jumento
E me deixou c'as prestação
E hoje eu tô arrependido de ter feito imigração
Volto pra casa fudido, com um monte de apelido
O mais bonito é cabeção!









Faça uma relação entre essa música, o livro A Hora da Estrela de Claricie Lispector e o seguinte verso extraido da epopeia Paraíso Perdido de John Milton:


E essa... Árvore da Ciência se intitula.
Vedar a ciência? Absurdo suspeitoso!
E Deus, por que lha veda? É culpa a ciência?
Da ciência pode germinar a morte?
Só na ignorância lhes é dada a vida?
Neste estado feliz consiste a prova
Da obediência e da fé que lhe tributam?


Lúcifer,  filosofando sobre a condição do casal no Edén e sua unica proibição.



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

GIGANTES - Um Fascínio Pessoal


Tem muita gente que é fascinada em muita coisa. Você, por exemplo, deve ter "aquela coisa" que te faz parar. Aquele algo que aciona (ou desliga) um mecanismo em seu cérebro que faz com que você esqueça do mundo e de si. Fazendo você se dedicar unica e exclusivamente a admiração "daquilo" em questão.
Pra alguns são peitos, pra outros são bundas... mas pra mim, são gigantes!

Os gigantes estão por ai dese de que o homem aprendeu a medir, talvez antes mesmo disso! Tem menções a eles em diversos livros sagrados de várias religiões. Logicamente o povo das antigas volta e meia cavava, quando não tinha algo melhor pra fazer, e logo achavam foceis de dinossauro. Como naquele tempo não tinha ensino fundamental... "Achei um gigante, mulher! Uga Buga!"

Mas há também pessoas com estranhas formações genéticas que alimentaram e muito esse mito. Porém, pra mim, quando falo de gigante é de 10 metros pra lá, amogo. Eu sou fascinado por gigantes e sei exatamente quando isso começou.



Jaspion. Um Tokusatsu que era exibido na TV Manchete no inicio da década de 90. Todo mundo conhece o jaspion né, num é preciso falar dele. Mas o que eu curtia nele nem era o protagonista  ou a trama em si, mas o seu grande amigo e maior auxilio... Daileon! cara, o Daileon era irado!

Como toda criança da minha e idade na época (uns 7, 8 anos), e gordinho como eu era, o bullying estava lá, ainda não tinha esse nome bonito, mas tava lá. Quantas foram as vezes em que imaginei ter meu próprio Daileon pra pisar em meus inimigos. Mas não adiantava chamar, ele nunca vinha (Na pré-adolescencia, eu esqueci Daileon por causa do filme Jurassic Park, a partir dai eu queria ter um Tiranossauro para devorar meus inimigos).  Acho que foi dai que veio esse fascínio por gigantes. Talvez em meu subconsciente eu acredite que se tem um problema, qualquer que seja, em qualquer parte do mundo bota um gigante lá que ele resolve. Crise na Líbia? O Gamera resolve; Os gregos não podem pagar a dívida? Aluga o Atlas por um tempinho; desemprego nos EUA? Chama o Green Giant (Cara esse da medo viu? tem muito adulto traumatizado até hoje, porque via esse comercial quando criança)


Lógico que não posso deixar de fora os dois maiores Colossos do cinema, King Kong e Godzilla. Muito semelhantes entre si, pois foram originalmente criados para nos passar uma mensagem importante sobre o Filhadaputice humana. O Godzilla nunca sairia derretendo cidades e esmagando pessoas não fossem os testes nucleares terem alterado sua estrutura genética. Já o King Kong tava lá, na sua ilhazinha, tranquilo e sossegado, comendo volta e meia um nativo horroroso (oh nativos horrorosos viu!) e treinando MMA com os tiranossauros, não fosse a ganancia humana ele nunca sairia explodindo trenes, aviões e esmagando pessoas.

Há também no mundo dos games uma versão bem sucedida das alucinações de Dom Quixote, trata-se do Jogo Shadow of The Colossus (está na minha lista de top 1 melhores games Ever, em 1º lugar). Se você curte gigantes, cara, esse é o jogo. Lógico, não posso deixar de citar que já há produções mais ricas como God of War 3, Castlevania: Lords of Shadow, Demon's Souls e tantos outros cheios de criaturas colossais, mas esse game (Shadow of The Colossus) tem um lugar especial no meu coração, logo esclareço em outro post.

Acredite, Shadow Of The Colossus não é apenas
um game de descer a porrada. Pra mim a arte evoluiu
pra fazer obras como essa.

Muita gente quer que o mundo acabe com um apocalipse zumbi. Eu prefiro que 7 gigantes de mais de 500Km de altura cada, deem cabo tanto dos bons (esses eles vão ter que procurar viu?) quantos dos filhos da puta desse mundo. E eu os esperarei bebendo meu Johnny Walker.





Vamo lá Daileon, pegar outro filho da puta.. Uhhu!


domingo, 20 de novembro de 2011

PORQUE SILENT HILL – O FILME É A SEGUNDA MELHOR ADAPTAÇÃO DE UM GAME PRA CINEMA?


Evitemos iniciar a elucidação dessa questão com os tão famosos, e excessivamente citados e re-citados, casos de adaptações fracassadas com Street Fighter, suas continuações e outras tantas.
Quando fui assistir a adaptação de Silent Hill, não dava nada, mas tomei na cara. A começar analisando o filme com olhar cinematográfico, tem uma boa trama, uma ascensão dos eventos apresentada de forma suave (coisa rara em filmes de suspense/terror de hoje em dia, deixando os poucos que seguem essa linha, maçantes e sonolentos) e atuações convincentes. Não to dizendo que merece um Oscar, só que deve ser considerado, pois é um bom filme. Já, avaliando com olhos lacrimosos de fã, o filme é maravilhoso. Quem chorou junto com Nemesis (Resident Evil 2 Apocalipse) no cinema, podia ir despreocupado que nessa adaptação não havia motivos pra chorar. A mitologia da cidade é respeitada, a protagonista ficava confusa e com medo ao ver uma criatura, em algumas vezes ficava em pânico, olha só! E não saiu cacetando ninguém em nenhum momento do filme.
Isso já ta de bom tamanho, mas há algumas diferenças que podem incomodar alguns. Por exemplo, no jogo o protagonista era Harry Mason, um homem, não uma mulher, há também o estranho fato de o sobrenome da família Mason ser trocado por “Da Silva” (eu e provavelmente você conhecemos umas 15 pessoas que ficaram felizes com essa troca rsrsrs...), além de uma questão já abordada há algum tempo pelos fãs da série de jogos, a questão dos monstros usados no filme.
Eu tive a sorte de assistir o filme em DVD, sorte digo, por que assim que ele acabou fui ver os extras, diferente do espectador que saiu confuso do cinema, sem saber se gostou ou não, digo isso porque eu também terminei de assistir com essa sensação, lógico, como mencionado antes, como filme ele é bom, mas e como adaptação? O xeque mate veio no extra do DVD em que o roteirista e diretor (Christophe Gans) afirma que até tentou deixar o mais fiel possível, mas os japoneses foram enérgicos e deram pra ele apenas os direitos de uso das imagens de alguns monstros, vetando a utilização da história em sua completude. Ou seja, o cara teve que se virar, e não fez feio. Eu gostei muito dessa transparência, devemos valorizar isso, pois ao compartilhar certos segredos da produção um cara como esse está te dando a oportunidade de ser cúmplice da sua obra. Muito bom.
Ah.. mas ainda tem a questão da lógica na aparição das criaturas.
Outro dia eu estava ouvindo um rapaduracast (um dos melhores programas de podcast do Brasil, direcionado ao universo do cinema e seus derivados) não vou lembrar o número da edição, mas a leitura de emails era referente a um programa anterior sobre adaptações de jogos. Nessa leitura lembro do email de um rapaz que afirmava, de forma bem eloquente, que os monstros no filme Silent Hill estão apresentados de forma incoerente com as regras do universo dos games, onde os monstros são exclusivamente baseados nos medos e traumas do protagonista do game... PEEN!
Discordo. Verdade que boa parte dos monstros de cada game são manifestações mentais do protagonista, veja bem, boa parte. Até porque as enfermeiras, marca registrada em TODOS os jogos da série, não poderiam ser manifestações da mente de todo mundo que já teve o azar de passar pela cidade da névoa constante. As enfermeiras são dês de o 1º Silnet Hill, manifestações de medos da garotinha queimada, Alessa. Ou seja, o filme não subverte regras do universo dos games, pois elas já são subvertidas lá.
Em suma é isso, fiz minha defesa dessa adaptação, que apesar de não ser algo que se diga,”minha nossa que grandiosa adaptação”, mas teve envolvidos que dentro dos limites que tinham respeitaram a cima de tudo você fã da série.
Hoje em dia, todo mundo fala mal de tudo, difícil alguém comentar quando algo saiu certo, mesmo que não seja 100% mas esteja no caminho, dê uma força que logo chega lá. Se nós ficarmos só falando mal, e apontando o erro de tudo, sem observar os acertos dificilmente alguém vai acertar.
Mas qual a 1ª melhor adaptação de um game pra cinema?
Cara não tem nem o que discordar, Mortal Kombat O Filme. O universo do jogo é aquilo ali, velho, igual! E ainda assim desagradou muita gente...
“Ah nha! nha! Mas os Fatalitys? Os brutalitys? Os Curralitys?!” Cara, aquilo ali não é valido no universo do jogo, é só pra você se divertir vendo sangue e vísceras. Em cada continuação dos MK os personagens todos tão lá, no universo do jogo ninguém sofre Fatality não maluco!!!

PARADOXO JOHN CONNOR


Ao analisar a franquia “O Exterminador do Futuro” (Terminator), nos deparamos com certas incoerências no roteiro, em termos cronológicos, a Skaynet e o prórpio John Connor não existiriam sem viagens de seres de um tempo num futuro em que ambos “já” existem. O decorrer dos filmes nos mostra que a criação de autoconsciência na Skynet, e a decisão da mesma sobre o futuro da humanidade era algo inevitável e independente dos processadores ou braços mecânicos encontrados nas fabricas Cyberdyne, mas e John Connor? Como é que alguém pode existir, antes de seu pai nascer?
Antes de nos aventurarmos no entendimento desse paradoxo, devemos levar em conta alguns conceitos de percepção temporal.
Tentando ao máximo simplificar os paradigmas temporais, temos o presente, passado e futuro como indicadores de fenômenos, auxiliando o conceito de causa e efeito. Se temos como existência aquilo que percebemos, tocamos ou sentimos de alguma forma, só existe o presente, nós só existimos sempre no presente, não podemos tocar algo no passado, mesmo sendo algo antigo, esta coisa tem de estar aqui, agora. O passado nos é apresentado incerto, dependente de provas muitas vezes, e ainda mais de nossa memória, sendo assim passivo de alteração. O que de fato não existe é o futuro. Ele é extremamente incerto, podendo uma pessoa prever certo evento isolado, porém nunca em sua totalidade, não existimos no futuro, pois sempre estamos no presente. Com isso, temos Kyle Reese e seu presente em 2029, guerreiro da resistência, se ofereceu para ir a 1984, salvar Sara Connor, a mãe do homem que lideraria a humanidade contra as máquinas. 1984 agora era o presente para Kyle Reese, como consequência de sua viajem, o ano de 2029 que ele conhecia não era mais o seu futuro, nem o de ninguém da raça humana; 2029 adquiria características de um passado breve. Para qualquer expectador do filme, Kyle havia vindo do futuro, porém para as percepções do mesmo, ele veio do passado, o futuro era incerto, dependendo não somente do sucesso da sua missão, mas também da capacidade de sedução sobre Sara Connor e sua consequência.
Segundo Sara Connor, Kyle Reese era o pai de John Connor, essa certeza provavelmente se deu por ela não ter contato intimo com nenhum homem durante os meses que sucederam os eventos da vinda do primeiro exterminador, com isso qual John Connor existia no passado/futuro alternativo, que veio Kyle Reese? A resposta é simples, nenhum.
Kyle Reese viajou para 1984 com uma missão certa, proteger a mãe de John Connor, porém esse evento geraria “O John Connor”, um homem preparado “pela mãe” desde cedo, para liderar a humanidade. Mas, e o 1984 sem a viagem de Kyle? O que ocorreria se o pai de John Connor não tivesse viajado para “o passado”? Lembrando que essa realidade faz parte do universo de origem de Kyle Reese:

  1.         Sara Connor, não teria motivo algum para treinar um filho desde cedo para liderar a humanidade contra o que quer que seja. Considerando o que temos da mesma no primeiro filme, seria uma mulher conformista com seu emprego de garçonete e namorados irresponsáveis, embora tudo isso, se seguisse sem sofrer nenhum trauma forte, manteria a lucidez e não haveria mínima possibilidade da mesma treinar qualquer um de seus rebentos para um apocalipse cibernético.
  2.           John Connor não seria o filho treinado para o futuro, pois ninguém voltou no tempo para avisar ninguém sobre o que ocorreria, muito menos para fins sexuais.
  3.         A Skynet ficaria autoconsciente de qualquer jeito, logo, a humanidade estava condenada, um a mais, um a menos não influenciaria nos cálculos que levarão o computador a decidir por “exterminação”.
O homem é político, e a política é um tipo especial de loucura, pois o louco aponta o que não existe e é ignorado, já o político aponta o que não existe e é ovacionado. Os mitos surgem quando a humanidade mais precisa, e num momento de desespero, onde a raça humana estava sendo dizimada, onde crânios enchiam as ruas e os que quisessem sobreviver deveriam se esconder como ratos, alguém, seja gênio ou louco, porém certamente um político, criou o Mito, John Connor, e fez com que vários, inclusive Kyle Reese, acreditassem em sua existência, porém não só isso, enganaram até as máquinas.
Em uma das passagens do filme “Exterminador do Futuro”, o primeiro da franquia, Kyle afirma que as máquinas não tinham registro algum sobre a família de Sara Connor, ele estava com a vantagem pois possuía a foto. Graças a isso, o primeiro exterminador mandado massacrou em ordem alfabética, todas as Sara Connor que haviam naquela cidade. Pensemos então, se as máquinas não possuíam registros de ninguém da família de Sara Connor então, não havia registro de John Connor, de outra forma, não haveria motivos para voltar e matar a Mãe, se a ameaça real era o filho.
Mas e a foto que Kyle trazia? E a afirmação do mesmo ter sido treinado pelo próprio John Connor, como esclarecer isso?
O nome John Connor poderia ter sido usado por qualquer guerreiro que fizesse parte do núcleo que criou o mito, e de fato esse guerreiro, que até poderia ser eu, você ou mesmo algum mexicano que teve a vida difícil na fronteira dos EUA, e quando criança para sobreviver tirava fotos de estradeiros e turistas e vendia por 5 ou 4 dólares. Talvez ele até tenha uma foto antiga de uma linda loira que não quis pagar nada, e ele guardou por recordação, muita coisa pode acontecer nesses mundos de realidade alternativa.
Uma grande prova que John Connor não existia no universo futuro do primeiro filme da franquia é que o mesmo não aparece em nenhum flahs back do Kyle, nem mesmo no sonho de Sara, sendo visto somente no início do segundo filme, onde sua existência estava garantida.
Não sei se essa era a real intenção de James Cameron, mas covenhamos, se você tem uma idéia melhor pra resolver esse “sudoku” pode se manifestar.

BRUCE CAMPBEL – O ator mais azarado de Hollywood


Eu poderia começar este texto afirmando que Bruce Campbell é para Sam Raimi o que Johnny Depp é para Tim Burtom, mas isso seria uma enorme incoerência. Não esqueçamos que tratamos aqui neste texto, do astro mais azarado de Hollywood. Ele não tem um rostinho bonitinho, juvenil ou andrógeno, que venha a garantir o sucesso imediato em qualquer tipo de produção, vindo esta a exigir muito de sua capacidade como ator ou não. Ele tem uma baita cara de macho, ostentando um enorme queixo – marcado com uma cicatriz em forma de L, adquirida numa briga que teve com o irmão quando jovem -, grossas sobrancelhas, além de um olhar insano e ao mesmo tempo engraçado.
Raimi e Campbell eram amigos dês de muito cedo, a origem dessa amizade deu-se antes de Bruce se enveredar no universo cinematográfico, quando ele fazia bicos como baby-sitter. Em algum de seus trabalhos ele teve de cuidar do irmão mais novo de Sam Raimi, tratava-se de Ted Raimi, outro brilhante ator que futuramente participaria de diversas produções junto de Bruce.

Em 1975, tudo parecia uma grande brincadeira, Sam Raimi com sua galerinha, bolava várias histórias sinistras e as filmava em Super-8, Bruce estava lá. Em 1976, Campbell teve a oportunidade de trabalhar como aprendiz “voluntário”, ou seja, ele não ganhava dinheiro, na produção de Traverse City's Cherry County. Não perdendo tempo, logo estava lá aquele rapaz alto, franzino e esquisito, observando tudo nos bastidores da produção, ajudando na montagem de sets e até servindo como garoto de recados. Depois que conseguiu um emprego como assistente de produção de uma produtora de comerciais, Bruce largou o curso que fazia na Universidade Western Michigan.
Suas produções independentes com Raimi não pararam, e em 1979 fizeram Within the Woods, que é um curta de terror muito bizarro, com Bruce como protagonista, passando com uns amigos um final de semana em uma casa no meio do mato, onde coisas muito bizarras começam a acontecer depois que “Bruce” – esse é o nome de seu personagem – encontra um punhal enterrado no bosque. O resultado agradou tanto a equipe que logo arrumaram com pais, vizinhos e até rifas, fundos para o longa-metragem que arrebataria Sam Raimi e Bruce Campbell para o estrelato.
The Evil Dead foi feito com o orçamento de $ 350.000, ganhou status de Cult e foi o filme mais vendido na Inglaterra em 1983.
“O filme de terror mais atrozmente original do ano”
Foi com esse elogio de Stephen King no festival de Cannes, que o filme ganha maior projeção e logo em seguida foi distribuído aos EUA pela New Line Cinema.
Aí deveria ser a parte em que todos os caminhos apontaram par um Oscar, mas não foi. Após as filmagens de The Evil Dead 2 Bruce mudou-se para Los Angeles e começou a se envolver em produções de baixo-orçamento como Missão Lua - A Viagem Do Terror e Maniac Cop. Apesar de sempre fazer testes, mas nunca sendo escalado para grandes produções. Protagonizou em um seriado de faroeste chamado The Adventures of Brisco County, Jr produzido em 1993 com um total de 27 episódios, a série conta a trajetória de vingança de Brisco Jr, que larga a profissão de advogado decide virar pistoleiro após o assassinato de seu pai, para vingá-lo. Começou a fazer pontas em vários filmes e séries de sucesso na época, era o Autólycus no seriado Hercules: The Legendary Journeys, e dirigiu alguns episódios desse e de Xena: Warrior Princess, além também de trabalhar como dublador.
Em sua longa lista de filmes, algumas produções merecem destaque, como “Bubba Ho-Tep”, filme baseado no premiado conto de Joe R. Lansdale. No filme Elvis Presley (Bruce Campbell) e John Kennedy (Ossie Davis) estão vivos, e moram em uma casa de repouso. Cansado das badalações de sua carreira, Elvis trocou de lugar, no passado, com um imitador, o que explica a decadência do astro até sua morte inevitável, e JK ficou sabendo que pretendiam matá-lo e para ficar salvo no local, foi pintado de negro pela CIA. Os dois juntam- se para livrar o mundo de uma ameaça terrível, uma múmia que desperta no hospital e se alimenta de almas. O filme de 2002,foi em sua maioria filmado no hospital “veteranos abandonados” fora de Los Angeles. A KNB Effects concordou fazer a composição de Bubba Ho-Tep e o traje como um favor para Don Coscarelli, Diretor do filme. Outro filme que vale a pena conferir é, My Name is Bruce (2007) onde ele dirige e atua, interpretando uma versão estereotipada de si mesmo. O filme conta o “seqüestro” de Bruce por adolescentes desesperados vindos de uma cidadezinha do interior  em que, segundo eles, há um monstro real. Bruce então é forçado a interpretar Ash e aniquilar a criatura. O filme é extremamente divertido, e parece uma resposta do próprio Bruce ao mundo que sempre cobra dele o retorno as telas do maior caçador de demônios do universo.

A FRANQUIA EVIL DEAD
O primeiro filme The Evil Dead (A morte do demônio, título em português) é trágico. Ash Williams (Bruce Campbell) vai com sua namorada Linda e alguns amigos para uma cabana nos bosques do Tennessee, passar um fim de semana romântico, porém depois de encontrarem umas páginas misteriosas de uma livro antigo (Necronomicon) e um gravador – com fitas velhas narrando uma espécie de diário de um cientista que estudava o livro – eventos sombrios começam a ocorrer. O filme é magistralmente dirigido, Raimi aproveita bem, todos os elementos que dispõe, dos pântanos lamacentos as portas, janelas e os móveis decrépitos que ornam o ambiente. Mesmo com muito humor negro, é um grande desafio para pessoas mais sensíveis assisti-lo sozinho numa madrugada silenciosa. Repleto de lances e cortes de câmeras estratégicos, atuações bizarras (rostos deformados sorridentes, te encarando e dizendo que vão devorar sua alma!) e amedrontadoras dos personagens que são “tomados pelo mal” além de muito stopmotion, sangue e carnificina, um detalhe especial do filme é quando uma das garotas é estuprada na floresta, por galhos de árvores. O filme não tem um final feliz, encerando com Ash (o ultimo que havia sobrevivido ate então) morto depois de pego pelo misterioso monstro, representado nesse primeiro filme apenas pela visão em primeira pessoa da câmera.

O segundo filme Evil Dead 2 (Uma Noite Alucinante) é uma versão alternativa do primeiro. Ash agora vai a cabana apenas com sua noiva. Os mesmos elementos que cercam a maldição estão presentes. O mal é despertado após ouvirem pelo gravador antigo, passagens do Necronomicon, livro dos mortos, apenas a passagem certa, recitada de forma correta pode mandar o Mal ao seu devido lugar. Sua noiva é possuída pelo espírito maligno e força Ash a matá-la decapitando-a. Porém é depois disso que o terror verdadeiro começa para o desafortunado rapaz, todos devem lembrar deste filme por causa da batalha que Ash trava com sua própria mão, sendo ela amputada após tomar vida própria ao ser mordida pela cabeça decepada e igualmente viva, de sua noiva.

Neste filme em especial, a atuação de Campbell está fora de serie, com o desenrolar dos acontecimentos bizarros seu personagem vai passando por intensos momentos nervosos que nitidamente quase o levam a loucura. Diferente da banalidade que certos personagens aparentam em filmes atuais que retratam situações semelhantes, Ash responde a o mínimo de barulho no decorrer do filme com uma tensão brutal. O ápice desse comportamento é na cena em que, exausto de tudo o que o está apavorando, Ash resolve sentar-se em uma cadeira, e a mesma quebra, a câmera enquadra então a cabeça de um alce que está como um troféu de caça na parede, de repente a cabeça começa a rir da queda de Ash. Segue-se então a cena com praticamente todos os móveis gargalhando ao redor de nosso atormentado herói, e o mesmo, tomado pela insanidade, compartilha da graça das não mais inanimadas criaturas e começa a rir, provocando ainda mais risada no espectador quando ele interage com o abajur, imitando os movimentos do mesmo.
O segundo filme tem muitas referências requintadas ao primeiro, há novamente a cena de estupro, provocada por galhos, e uma outra cena clássica, é o momento em que Ash é pego pelo monstro, representado pela câmera. Nessa cena Ash novamente é praticamente devastado pelos caminhos que o monstro o leva, e depois de se chocar violentamente contra uma árvore, ele é jogado, como no primeiro filme, de cara numa poça de água, porém, diferente do primeiro filme, depois de longos segundos, ele ergue-se, com o rosto totalmente deformado, e gritando de forma furiosa. Este é o momento que o roteiro nos mostra a exata divisão da segunda história coma primeira. A partir deste ponto o espectador não sabe mais o que ocorrerá, isso se ainda tinha certeza quanto a tratar-se do simples remake do primeiro filme. Quanto a efeitos, sanguinolência e humor negro, o segundo não perde nada pra o priemiro, até ganha com interpretações mais maduras por parte dos quadjuvantes. O Filme se encerra com nosso azarado herói, sugado junto da criatura que representa o Mal, por uma espécie de portal, ele acaba parando na Idade média, dando assim gancho para uma continuação.

O terceiro filme é o Evil Dead 3 Army of Darkness (Uma Noite Alucinante 3), Apesar de exagerar muito, na comédia, tem seu valor. Ash agora já não é o cara perturbado que mata demônios para sobreviver, e sim uma espécie de anti-herói que destrói demônios, bem, ainda porque não tem escolha, mas desta vez com mais prazer no que faz. Apesar do humor ser o carro chefe deste filme, o comportamento de Ash não poderia ser diferente. Ele evoluiu no que faz, e a forma debochada e atrapalhada de resolver os problemas o caracterizam de maneira singular. Neste filme o grande vilão é o seu lado mal, que toma vida e separa-se dele. Agora, limpo, Ash pode conduzir um grupo de destemidos cavaleiros medievais a vencerem as criaturas.

A franquia sai do cinema e da respaldo para a criação de vários jogos de videogame, e até quadrinhos. Há várias sagas em quadrinhos em que Ash protagoniza, existe uma no universo Marvel, que teve inicio nas revistas do quarteto fantástico, em que todos os heróis do mundo Marvel tornam-se zumbis. Ash acaba caindo, literalmente, nessa saga, e depois de tentar alertar os Vingadores, é desacreditado por eles e acaba mais tarde tendo de dar cabo de todos os heróis. Escrita por Robert Kirkman, esta saga é cheia de referências aos filmes, principalmente pelo humor negro.

Durante muito tempo, houveram vários boatos sobre uma continuação de Evil Dead para os cinemas, e até um crossover de Ash contra freddy krueger e Jason, esta história existe apenas em quadrinhos, roteirizada por Jeff Katz e o desenhista Jason Craig.

Apesar de não protagonizar em grandes produções, Bruce Campbell rouba a cena sempre que faz uma pontinha no blockbuster que mais rende dinheiro atualmente, tirando Harry Poter, Homem-Aranha. Suas pontas são sempre memoráveis, e eu pessoalmente fico ansioso para ver onde e quando ele ira aparecer, quando sai mais um filme da franquia. No primeiro Spider Man Bruce é o Narrador das lutas undergrounds. É ele quem da o nome de Homem-Aranha após discordar da criatividade de Peter Parker, ao se anunciar como “Aranha-humana”. No segundo filme ele está na portaria do teatro onde Mary Jane está se apresentando, e barra a entrada de Parker, e no terceiro filme, ele participa de uma das cenas mais engraçadas que eu vi nos cinemas, sendo o Gerente “francês” do restaurante, ele trama com Peter Parker o momento de pedido de noivado a Mary Jane.

Extremamente Carismático Bruce Campbell é ator, diretor, dublador e escritor - Possui um livro autobiográfico intitulado If Chins Could Kill: Confessions of a B Movie Ator além de um  romance publicado, Make Love the Bruce Campbell Way. – um homem muito versátil e vê-se de longe que ama o que faz, no inicio ele se incomodava mais em não ter grandes papeis dramáticos em seu currículo, mas depois que compreendeu que nem só de grandes produções vivem nós reais cinéfilos, desenvolveu até um bordão que usa com freqüência.

“Por um longo tempo eu ficava constrangido ao dizer que eu era um ator de filme "B", mas agora eu sei o que Hollywood quis dizer. Eu descobri que o "B" quer dizer better.”

PROPOSTA

Há um panteão de ideias intrínsecas que comungam em livros, filmes, games, quadrinhos e as mais diversas formas de expressão. Este blog tem como missão encontrá-las e evidenciá-las, com textos absurdos e pretensiosos, a você, que faz outras coisas na net além de ver pornografia.