domingo, 20 de novembro de 2011

PARADOXO JOHN CONNOR


Ao analisar a franquia “O Exterminador do Futuro” (Terminator), nos deparamos com certas incoerências no roteiro, em termos cronológicos, a Skaynet e o prórpio John Connor não existiriam sem viagens de seres de um tempo num futuro em que ambos “já” existem. O decorrer dos filmes nos mostra que a criação de autoconsciência na Skynet, e a decisão da mesma sobre o futuro da humanidade era algo inevitável e independente dos processadores ou braços mecânicos encontrados nas fabricas Cyberdyne, mas e John Connor? Como é que alguém pode existir, antes de seu pai nascer?
Antes de nos aventurarmos no entendimento desse paradoxo, devemos levar em conta alguns conceitos de percepção temporal.
Tentando ao máximo simplificar os paradigmas temporais, temos o presente, passado e futuro como indicadores de fenômenos, auxiliando o conceito de causa e efeito. Se temos como existência aquilo que percebemos, tocamos ou sentimos de alguma forma, só existe o presente, nós só existimos sempre no presente, não podemos tocar algo no passado, mesmo sendo algo antigo, esta coisa tem de estar aqui, agora. O passado nos é apresentado incerto, dependente de provas muitas vezes, e ainda mais de nossa memória, sendo assim passivo de alteração. O que de fato não existe é o futuro. Ele é extremamente incerto, podendo uma pessoa prever certo evento isolado, porém nunca em sua totalidade, não existimos no futuro, pois sempre estamos no presente. Com isso, temos Kyle Reese e seu presente em 2029, guerreiro da resistência, se ofereceu para ir a 1984, salvar Sara Connor, a mãe do homem que lideraria a humanidade contra as máquinas. 1984 agora era o presente para Kyle Reese, como consequência de sua viajem, o ano de 2029 que ele conhecia não era mais o seu futuro, nem o de ninguém da raça humana; 2029 adquiria características de um passado breve. Para qualquer expectador do filme, Kyle havia vindo do futuro, porém para as percepções do mesmo, ele veio do passado, o futuro era incerto, dependendo não somente do sucesso da sua missão, mas também da capacidade de sedução sobre Sara Connor e sua consequência.
Segundo Sara Connor, Kyle Reese era o pai de John Connor, essa certeza provavelmente se deu por ela não ter contato intimo com nenhum homem durante os meses que sucederam os eventos da vinda do primeiro exterminador, com isso qual John Connor existia no passado/futuro alternativo, que veio Kyle Reese? A resposta é simples, nenhum.
Kyle Reese viajou para 1984 com uma missão certa, proteger a mãe de John Connor, porém esse evento geraria “O John Connor”, um homem preparado “pela mãe” desde cedo, para liderar a humanidade. Mas, e o 1984 sem a viagem de Kyle? O que ocorreria se o pai de John Connor não tivesse viajado para “o passado”? Lembrando que essa realidade faz parte do universo de origem de Kyle Reese:

  1.         Sara Connor, não teria motivo algum para treinar um filho desde cedo para liderar a humanidade contra o que quer que seja. Considerando o que temos da mesma no primeiro filme, seria uma mulher conformista com seu emprego de garçonete e namorados irresponsáveis, embora tudo isso, se seguisse sem sofrer nenhum trauma forte, manteria a lucidez e não haveria mínima possibilidade da mesma treinar qualquer um de seus rebentos para um apocalipse cibernético.
  2.           John Connor não seria o filho treinado para o futuro, pois ninguém voltou no tempo para avisar ninguém sobre o que ocorreria, muito menos para fins sexuais.
  3.         A Skynet ficaria autoconsciente de qualquer jeito, logo, a humanidade estava condenada, um a mais, um a menos não influenciaria nos cálculos que levarão o computador a decidir por “exterminação”.
O homem é político, e a política é um tipo especial de loucura, pois o louco aponta o que não existe e é ignorado, já o político aponta o que não existe e é ovacionado. Os mitos surgem quando a humanidade mais precisa, e num momento de desespero, onde a raça humana estava sendo dizimada, onde crânios enchiam as ruas e os que quisessem sobreviver deveriam se esconder como ratos, alguém, seja gênio ou louco, porém certamente um político, criou o Mito, John Connor, e fez com que vários, inclusive Kyle Reese, acreditassem em sua existência, porém não só isso, enganaram até as máquinas.
Em uma das passagens do filme “Exterminador do Futuro”, o primeiro da franquia, Kyle afirma que as máquinas não tinham registro algum sobre a família de Sara Connor, ele estava com a vantagem pois possuía a foto. Graças a isso, o primeiro exterminador mandado massacrou em ordem alfabética, todas as Sara Connor que haviam naquela cidade. Pensemos então, se as máquinas não possuíam registros de ninguém da família de Sara Connor então, não havia registro de John Connor, de outra forma, não haveria motivos para voltar e matar a Mãe, se a ameaça real era o filho.
Mas e a foto que Kyle trazia? E a afirmação do mesmo ter sido treinado pelo próprio John Connor, como esclarecer isso?
O nome John Connor poderia ter sido usado por qualquer guerreiro que fizesse parte do núcleo que criou o mito, e de fato esse guerreiro, que até poderia ser eu, você ou mesmo algum mexicano que teve a vida difícil na fronteira dos EUA, e quando criança para sobreviver tirava fotos de estradeiros e turistas e vendia por 5 ou 4 dólares. Talvez ele até tenha uma foto antiga de uma linda loira que não quis pagar nada, e ele guardou por recordação, muita coisa pode acontecer nesses mundos de realidade alternativa.
Uma grande prova que John Connor não existia no universo futuro do primeiro filme da franquia é que o mesmo não aparece em nenhum flahs back do Kyle, nem mesmo no sonho de Sara, sendo visto somente no início do segundo filme, onde sua existência estava garantida.
Não sei se essa era a real intenção de James Cameron, mas covenhamos, se você tem uma idéia melhor pra resolver esse “sudoku” pode se manifestar.

7 comentários:

  1. Muito edificante esse post, pois consegue abordar de forma clara temas - nada faceis de digerir - filosoficos como o tempo e o mito politico. sinto falta na rede de postagens verdadeiramente dignas como essa. parabéns pela iniciativa inteligente.

    ResponderExcluir
  2. Esse post, que fiz já há algum tempo, foi publicado inicialmente no falecido Blog Asfixia, onde eu era um dos colaboradores.

    ResponderExcluir
  3. A RESPOSTA E OQUE EU CHAMO DE PRIMEIRA VERSÃO.....

    EXPLICAÇÃO DO QUE SIGNIFICA '' PRIMEIRA VERSÃO '''

    SIGNIFICA QUE E UM MULTI UNIVERSO .O PRIMEIRO JONN CONOR
    E RESULTADO DO PRIMEIRO UNIVERSO ...NESSE CASO JONN CONOR QUE SE PASSA NO FILME E SEGUNDO UNIVERSO.

    PORQUE PARA QUE JONN CONOR DO FUTURO ENVIE PAI DELE ...MESMO
    ANTES DELE EXISTIR ELE PRECISA SER SEGUNDA VERSÃO OU SEGUNDO RESULTADO DEPOIS DO PRIMEIRO UNIVERSO

    SI NOS FILMES MOSTRA QUE NÃO E PRECISO QUE EXISTA JONN CONOR
    PARA SKY NET TOME CONTROLE DE TUDO...ENTÃO REALIDADE DO PAI DELE EXISTE...UM MENINO QUE NASCEU EM UMA ÉPOCA GUERRA.
    ENTÃO ATE AI AINDA E COERENTE TUDO.....
    PROBLEMA ESTA AI E RESOLVIDO AQUI ( ATE AQUI AINDA E PRIMEIRA VERSÃO ) NESSA PRIMEIRA VERSÃO PAI JONN CONOR '' VIRA SOLDADO''
    E SE JUNTA JONN CONOR (PRIMEIRA VERSÃO) DESSE MOMENTO ELE VOLTA PARA PASSADO ACABA TENDO CASO COM SARA CONNOR....
    (PRIMEIRA VERSÃO)
    TUDO QUE E VISTO NO FILME NA VERDADE JA E SEGUNDA VERSÃO DO UNIVERSO....NESSE CASO RESULTADO DA PRIMEIRA VERSÃO.

    A ÚNICA FORMA QUE NÃO ACHAR UM PARADOXO E ESSA COM MULTIVERSOS... OU SEJA VÁRIOS UNIVERSOS ..
    COM A SEGUINTE REGRA . SEMPRE TEM PRIMEIRA VERSÃO ..LOGO SEGUNDA ...PARA TERCEIRA ...PARA QUARTA ASSIM POR DIANTE

    REALMENTE SEM ESSA REGRA DE MULTIVERSOS .TERIA PARADOXO SI
    COMO ELE NASCEU . SI O PAI DELE NÃO NASCEU AINDA.....


    SÓ FALTA QUE NO EXTERMINADOR FUTURO 6 FALEM QUE O PAI JONN CONOR
    NÃO SEJA CAIO RITS ..AI NÃO EXISTIRIA PARADOXO E ESTARIA TUDO CERTO
    SÓ SERIA UM MAL ENTENDIDO !!!!


    ESPERA EXTER, FUTURO 3 APARECE JONN CONOR COM FUTURA MULHER DELE.
    E SI ELES TIVERAM UM FILHO .....DEIXA O MEU CÉREBRO BUGO...FILHO DELES .
    QUE VIAGEM ...............

    ResponderExcluir
  4. Muito bacana sua linha de raciocínio

    ResponderExcluir
  5. Muito plausível sua postagem.

    Mas o que me deixa encucado é que James Cameron "mata" a história no 2 num epílogo com Sarah Connor e John Connor felizes num futuro que com a destruição da Cyberdine tudo foi resolvido, lembrando que o 2° filme é narrado pela própria Sarah Connor, como um livro contando o que aconteceu (não me recordo como termina o filme na outra versão).

    Certo ou errado é que James Cameron querer matar a história do filme no 2° foi um erro pois na minha visão a graça de O Exterminador do Futuro é a figura de John Connor, um líder, um gênio, um visíonário, um Messias, um Profeta, que já tinha todos esses rótulos antes mesmo de nascer e que mostra que é um predestinado em suas próprias decisões no 2° filme, pois se não fosse ele poderia ter "azedado a garapa" nos acontecimentos do 2° filme.

    Consertado o "erro" surge o 3, sem a batuta de James Cameron, que foi um bom filme, respondeu pontos interessantes, só que o ator do John Connor, meu deus, péssimo, mas o filme tem uma boa história e um final espetacular!

    Aí surge o 4 que também é um excelente filme (minha ordem 2-4-1-3) que mostra um John Connor já líder, alguns consideram ele um Messias, outros o consideram um Charlatão e a história desenrola de uma forme interessante. Aí nesse período tem as Crônicas de Sarah Connor (série muito boa por sinal) que coloca John Connor em um ponto da história que ele encontra Kyle Reese ainda criança e termina de uma forma satisfatória a série.

    E depois vem Gênesis que sinceramente eu não entendi nada.

    O que falta para matar a história: acho que o melhor final seria não no mundo pós-apocalíptico, mas sim no passado. John Connor (filho verdadeiro de Sarah Connor) já maduro, consciente do que ele representa, tem uma discussão com seus liderados falando desse fardo de ser o "messias, profeta, predestinado" como que não aguentasse mais isso. Aí ele arruma um jeito de enviar alguém antes dos acontecimentos de 1984 justamente para não deixar os acontecimentos se desenrolarem e aí termina a história, pois pensa comigo: imagina o fardo que você tem de ser uma pessoa que ANTES de você nascer já saberia seu futuro, é algo que um homem talvez não suportaria. Verei Gênesis de novo para ver se dar pra encaixar em algum lugar.

    Um grande abraço e espero ansiosamente que eles matem a história desse filme tão espetacular que é O Exterminador do Futuro!

    ResponderExcluir